domingo, 16 de janeiro de 2011
Construção com responsabilidade ambiental se destaca no mercado
Os destaques são os projetos que levam em consideração a sustentabilidade.
A construção verde, com responsabilidade ambiental. Esta é uma tendência de mercado para 2011. Os destaques são os projetos que levam em consideração a sustentabilidade.
As empresárias Juliana Boer e Maira Del Nero apostaram no mercado verde e se deram bem. Elas fazem projetos de arquitetura sustentável. O objetivo é usar técnicas e materiais que não prejudiquem a natureza. O faturamento da empresa dobrou nos últimos dois anos.
“As pessoas que buscam um projeto mais sustentável vêm nos procurando assim com um aumento bem significativo dos últimos dois anos para cá, porque não tem tantos profissionais que fazem o que a gente faz no mercado. Tem escritórios maiores até, mas que aí estão muito veiculados a grandes construtoras. E pequenos escritórios, que conseguem lidar com o cliente final, tem menos aqui no Brasil. Então a gente tem tido uma grande expansão nesse sentido”, afirma a empresária Juliana Boer.
As empresárias começaram o negócio com R$ 15 mil. Alugaram uma casa e compraram computadores. Mas depois reformaram o espaço para demonstrar as soluções verdes aos clientes. Hoje, o investimento para ter um escritório é de R$ 100 mil.
O escritório é um show room planejado para convencer o cliente das vantagens da sustentabilidade. As soluções ecológicas estão por aí, por todos os cantos. Uma mesa, por exemplo, é feita de poda de árvore de rua, uma madeira que iria pro lixo. Já a pintura da casa é toda feita de tinta de terra. A cor é da própria lama. Um produto livre de toxinas. Descendo as escadas é possível encontrar uma cadeira de tecido de algodão e juta e de garrafa pet reciclada. E nos fundos da casa tem mais.
A última sala é um exemplo da maior economia dos projetos verdes: a energia elétrica. A luz natural passa pela porta envidraçada e reduz em até 60% a conta de luz. A lâmpada é acesa somente às 17h. Nos dias mais escuros um pouquinho mais cedo.
O espaço também usa madeira de demolição, vasos de barro compactado e pastilhas feitas de vidro de lâmpada fluorescente.
“A vantagem é que esse vidro tem um descarte difícil porque a lâmpada vem com mercúrio, então é separado o mercúrio do vidro e colocado na composição da massa da cerâmica”, conta a empresária Maira Del Nero.
A empresa atende público classe A. A divulgação é feita pelo site e em eventos. O mais difícil é encontrar fornecedores de materiais reciclados.
Para o consultor Sebastião de Oliveira, esta dificuldade se transforma em oportunidade para novos negócios.
“O que você precisa fazer é ou desenvolver esses fornecedores ou criar uma parceria com esses fornecedores de tal forma que eles passem a produzir de uma forma diferente aquilo que é necessário para o mercado”, afirma o consultor Sebastião de Oliveira.
Um projeto verde custa em média R$ 50 o metro quadrado. A construção é mais cara que a tradicional. O retorno vem em longo prazo.
“Ela tem um investimento inicial maior, cerca de 10%, mas depois, em cinco anos ela se paga. E você vai ter sempre uma redução no custo de operação. Então depois de cinco anos você só vai ter economia. Além de ter uma casa mais saudável, com conforto térmico melhor, com várias outras qualidades”, diz Maira.
As empresárias fazem 50 trabalhos por ano. Em uma obra, o projeto custou R$ 15 mil. Entre as soluções ecológicas, estão paredes feitas de barro.
“É uma parede de taipa de pilão. Ela é feita da seguinte maneira. Uma forma de madeira com camadas de terra que vão sendo colocadas e apiloadas e o resultado final é uma parede bem robusta que pode ser utilizada tanto interna quanto externamente”, conta Juliana.
A casa também tem esta área externa com piscina. Um dos símbolos do desperdício de água vira uma solução para aproveitamento inteligente dos recursos naturais.
A água para abastecer tanto a piscina quanto o futuro jardim é de graça. Vem da chuva. Foi feito um reservatório enterrado. Uma cisterna de 15 mil litros.
“A chuva cai no telhado e ela é captada através das calhas embutidas que vai despejar a água na captação de água pluvial. Essa desce através da tubulação que está enterrada ao longo do jardim e é direcionado para a cisterna onde a água é armazenada. No caso dessa obra, o estimado é que isso a encareça em torno de 2%. E é uma economia que ela tem pro resto da vida”, afirma o engenheiro civil Evandro Ribeiro Faustino.
Outra construção verde foi feita em 2003. O imóvel fica numa área de mata preservada. Foram usadas plantas, pedras e madeiras para criar diversos ambientes com terrenos permeáveis à água de chuva.
“Essa é uma preocupação que a gente tem com relação à cidade. A permeabilidade diminui o grau das enxurradas na cidade. E também gera menor impacto da obra no terreno”, explica Juliana.
O projeto uniu modernidade com respeito à natureza. A casa tem pomar, horta com temperos e uma composteira. O próprio lixo orgânico da casa aduba os jardins. Mas o que mais impressiona a cliente Mirian Cunha é a economia gerada pelo bom uso dos recursos naturais. A casa de 380 metros quadrados tem conta de luz de apenas R$ 100 por mês. O lugar conta com aquecimento solar, grandes portas, janelas e coberturas, tudo de vidro.
“Não preciso acender a luz. Só para se ter uma ideia, acendo a luz e não altera nada. Mesmo em um dia meio nublado, nós temos uma claridade muito boa”, afirma a cliente Mirian Cunha.
E este tipo de solução criativa tem a vantagem de não encarecer a construção.
“O que acontece é que as soluções é que são mais eficientes. A janela que eu uso aqui seria a mesma janela que eu uso em outra obra. A diferença é que eu coloco essa janela em uma posição melhor, mais adequada e com isso consigo melhorar a iluminação natural. Todas as especificações de material seguem esse princípio. São materiais normais de qualquer obra, utilizados de uma maneira mais inteligente”, afirma Juliana.
“O potencial desse mercado é enorme porque essa é uma tendência irreversível. As pessoas querem isso. As pessoas precisam disso e hoje em dia faltam bons fornecedores, fornecedores posicionados nesse mercado pra atender essa demanda que já existe e vai cada vez mais se intensificar”, acrescenta Sebastião.
“É muito bom, inclusive os nossos hóspedes adoram, saem daqui falando: ‘acho que eu não vou embora mais’”, completa Mirian.
FONTE:PEQUENAS EMPRESAS GTANDES NEGOCIOS
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